sexta-feira, 3 de junho de 2011

PONTE PARA A ETERNIDADE Antes fosse ele o desajeitado, mas não, tinha que ser o seu irmão. Rememorava inquieto os acontecimentos, no canapé que sobrara, depois do desastre. __Sê viu os comentários no povoado? A voz o desperta atônito de seus pensamentos. Sua tia Hercolastica, única parenta que lastima o ocorrido. __Não, e daí? Responde menosprezando a informação. __Pois é, todos lá culpam ocê. Em silencio saboreia a verdade que somente ele sabe. Não obstante, algo parece não estar devidademente em seu lugar. Recordações de sua infância, adolescência e juventude, passam pela sua mente como filmes em curta metragem. Flash de sua vida confundem o irreal da realidade De repente, se da conta que não poderia estar confabulando com sua tia! Ela morreu à muito! Olha a sua volta tudo está igual. Havia adormecido e teria sonhado? ...ou será que....? Tenda levantar-se e não consegue. Tateia seu corpo, agora esponjoso, e sente estar levitando em uma névoa de gelo seco. ___Ainda não se deu conta? A voz da tia ressoa em seus tímpanos. Num esforço descomunal solta o grito, que antes não saíra, aprisionado pelo medo. ___Pisa no freio mano! Tarde demais, o veiculo ultrapassa a barreira que sinalizava, "Ponte Interditada". Restará então somente o canapé, depois de tudo vendido, para o sepultamento dos dois irmãos.